Desapego X Apego
Desapego... que exercício difícil
para nós ainda presos ao ego humano... o apego é uma das maiores ilusões da
vida terrena... apegar-se a que? A quem? Apegar-se para que? Se tudo é
transitório, se tudo é passageiro...
O apego é uma das fontes de maior sofrimento... quanta dor, quantas lágrimas por nada. O apego é o mesmo que querermos segurar o vento, o ar... somente com o desapego é que podemos ter... ter o que é da alma... porque nós não temos... nós simplesmente somos... somos o que somos. O sofrimento do apego se inicia quando acreditamos ter posse sobre as coisas materiais; a nossa casa, as nossas roupas, a nossa beleza, o nosso carro, o nosso cargo, a nossa posição social, o nosso talão 5 estrelas, o nosso cartão de crédito internacional, a nossa empresa e assim por diante...
Claro que a prosperidade é um
direito do ser, é estarmos em sintonia com a energia da abundância cósmica,
mas não podemos confundir com posse...
Alguns tem um forte sentimento de apego dentro de um Fusca 64 e outros passarão totalmente desapegados dentro de uma Mercedes 2003... nós aprendemos na Luz e na sombra... temos que perder para darmos valor ao ganhar, temos que passar pela escassez para aprendermos a buscar a abundância; e a vida é uma grande roda, que gira e gira e nós vamos vivenciando todos os desafios, todas as situações para adquirirmos sabedorias... tudo é cíclico... tudo é empréstimo temporário para o nosso aprendizado. E o que dizermos do apego emocional?
Ah... é mais e muito mais dolorido!
Criamos inúmeras vezes na nossa mente, no nosso corpo emocional, a ilusão de que o outro nos pertence, que nós temos posse sobre o outro e também vendemos a ilusão que o outro tem posse sobre nós... e neste jogo emocional vivemos anos, vidas inteiras e criamos laços carmáticos profundos... e o mais irônico, para não dizer o mais triste, é que nos atrevemos, presos a esta visão distorcida, a chamar isto de amor! Na minha própria experiência de vida e na minha experiência profissional já tive a abençoada oportunidade de perceber esta distorção. Na minha mente vêm, neste momento, dois ou três casos recentes que ilustram esta situação e vou citar um deles para que, através de uma profunda reflexão, sirva-nos como um aprendizado, porque a humanidade é interligada e um influencia o outro; o aprendizado de um altera o todo. A Maria e o João foram casados por quase 20 anos.
O João se apaixonou pela Joana e
foi embora em busca da sua felicidade, real ou ilusória, não importa aqui.
Isto já faz dez anos...
O João foi embora mas continuou
iludindo a Maria.
Não permitia que ela se
desprendesse dele.
Visitava-a constantemente, a
presenteava sempre, escrevia cartas dizendo da sua ligação com ela, que não
conseguia esquecê-la, mas que não tinha forças para deixar a Joana pois ela
era tão frágil... tão necessitada dele... e que a Maria sim, era forte, e
como ele a admirava por isso e que a Maria poderia compreender e esperar que
ele resolvesse a situação... e que tentaria resolver o mais breve possível e
em algumas vezes até deixava transparecer que seu desespero era tão grande
que poderia até se suicidar e que a Joana era tão dependente que se ele a
deixasse provavelmente ela seria capaz de fazer uma loucura e o que seria
dele?
E a consciência e responsabilidade dele?
Nunca mais se perdoaria.
A Joana era tão depressiva... até
tomava vários medicamentos...
E a Maria nisso tudo?
Um verdadeiro exemplo de
desapego... negou a própria vida, parou de lutar por suas metas, escondeu-se
atrás destas migalhas ilusórias e ficou aguardando esperançosa o retorno do
João; ficou adiando ser feliz por todos esses anos...
Quando o João retornasse como
seriam novamente felizes!
Desapego?
Amor incondicional?
Baixa auto-estima?
Sim, pode até ser amor mas o amor
incondicional é desapego e desapego é amor incondicional... é querer a
felicidade e o bem estar do outro e de si mesmo.
Mas para amarmos o outro temos
também que nos amar e nos respeitar.
Será que não é um apego tão forte, tão
enraizado, que não permitimos que o outro seja feliz e num grande auto
boicote, optamos em sermos infelizes para não nos desapegarmos do outro e não
permitirmos que o outro se desapegue de nós.
O que aparenta desapego é um profundo apego; tão forte que preferimos renunciar à própria felicidade do que renunciarmos ao outro. Estejamos atentos as ilusões, aos autoboicotes, às migalhas que acreditamos merecer... Desapego nos liberta.
Apego nos aprisiona.
Exercitemos o desapego das coisas materiais, das ilusões emocionais, dos rancores, das mágoas, de tudo aquilo que nos aprisiona. Libertemo-nos! Sejamos livres no Desapego! |
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Desapego
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