terça-feira, 27 de março de 2012

CARTA A UM AMIGO




Querido amigo, este momento de sua vida não é o melhor e não será o último. Quisera eu poder dizer que daqui a poucos dias tudo se acabará. Mas sabemos que ainda teremos um longo caminho a percorrer. Digo “teREMOS” pois não sairei um minuto sequer do seu lado... Sei que você sabe disso...

Sei dos seus defeitos, mas sobretudo sei de suas qualidades e te amo por tudo!

Amigo, saiba que coração como o seu é RARO!

Seu peito abriga um diamante bruto e de grande quilate! Valorize isso!

Não deixe que uns e outros tentem dizer que seu coração não passa de um cristal vagabundo. Isso NÃO É VERDADE!

Te conheço há anos! Muiiiiitos anos... Digamos que a minha vida toda.
Melhor dizendo, A SUA VIDA TODA... rsrsrs
SEI DO QUE ESTOU FALANDO.

Estou do seu lado, SEMPRE...

E lembre-se : te amo!!!!!!!



Perda, sofrimento e superação



Uma perda só é superada quando se vive o tempo do luto, o tempo - imediato - que dura a dor da perda.

É doloroso e essencial.

Se abster, escapar, rejeitar esse período e a busca por compreendê-lo, não é o melhor a fazer, pode provocar um embotamento afetivo (dificuldade de expressar sentimentos) posterior.

É importante VIVENCIAR essa período.

Conversar com pessoas, evitar o isolamento, procurar a Psicoterapia, entre outras coisas.

Contanto que a perda seja digerida e não vomitada.

Encarada e não dispersada.

Alena



Existe uma experiência que todo ser humano compartilha que é a PERDA de alguém ou de algo muito próximo.



Esta situação pode ser repentina ou súbita, mas o que também há de comum é que jamais temos o poder de controlá-la. Isto faz com que soframos muito.



Lembranças e sentimentos permeiam este momento e muitas vezes nos sentimos derrubados e até mesmo incapazes de conseguir continuar respirando.



São sensações físicas, emocionais e espirituais desagradáveis e que se alternam de forma a não conseguirmos controlar.



Perguntamos o motivo daquela PERDA e daquele sofrimento, mas no momento exato da PERDA não conseguimos tirar nenhum ensinamento... apenas sofremos.



O sofrimento, a dor é a finalidade! Há uma realidade indiscutível: o ser humano aprende na dor e não no amor.



O sofrimento expressa nossa insegurança básica e nosso medo do abandono, a certeza de que vivemos num mundo no qual controlamos muito pouco ou quase nada.



Sentimos o desamparo e a vulnerabilidade, somos obrigados a encarar todas as emoções sem anestesia.



Na verdade não queremos nos deparar com tudo isso, pois nosso instinto básico é “evitar a dor”, digo, “evitar o desprazer”.



Vivemos no mundo dos opostos, assim como existe o dia, existe a noite; existe em cima e em baixo; existe o positivo e o negativo para nos sentirmos humanos.



Não é possível usufruir as emoções positivas sem conhecermos as negativas, até para que possamos ter termos comparativos.



Por esse motivo é tão importante enfrentar e experimentar as emoções negativas, sem negações ou repressões, para que não retardemos nosso crescimento emocional, psicológico e espiritual.



Sentir a nossa maneira, pois não existe a forma certa ou a errada de sofrer.

Infelizmente vivemos numa sociedade hipócrita em que os verdadeiros sentimentos devem ser escondidos e comedidos dentro da expectativa do outro.



Não é saudável reprimir nossos sentimentos, quanto mais a dor da PERDA. Quando morre alguém que amamos, perdemos o emprego ou uma amizade, perdemos um pouco da esperança no futuro, sentimos frustração, raiva, tristeza e perplexidade.



Sofremos pelo que não foi feito ou dito, ficamos nos perguntando o que mais poderíamos ter feito ou o por que de morrer os bons e os maus não...

A maioria de nós não está preparada para ter arrancado de si alguém ou algo importante, portanto toda perda nos remete a determinadas fases.



Nossa primeira reação a uma perda é o “choque”, a descrença total. Por não estarmos preparados, quase sempre somos apanhados de surpresa.



O mundo vira de cabeça para baixo e perdemos completamente o controle de tudo. Não conseguimos entender o ocorrido e ficamos meio que anestesiados. O impacto nos impede de reconhecer como fato real. Ficamos entorpecidos, as pessoas falam conosco e nada compreendemos.



O choque é um mecanismo de defesa quando o sofrimento é demais e não somos capazes de lidar com as consequências da PERDA.



Quando o choque começa a diminuir, passamos entender a realidade.

A “negação” está diretamente ligada à etapa anterior e as duas ocorrem quase que simultaneamente e são defesas.



Quando negamos, evitamos o confronto com a realidade. O tempo que cada fase demora na vida de alguém não dá para prever. É bom que não demore demais, pois o que deveria ser uma defesa tornar-se-á um serio problema.



 Muitos que permanecem na negação começam a descobrir outras formas de atenuar ou fugir da dor, como o álcool e as drogas de uma forma geral. No caso da perda de um cônjuge, em casos de divorcio, existem pessoas que se atiram em relacionamentos doentios só para não ter que lidar com sua dor e vazio.



É muito comum a fase da “barganha”, principalmente em casos de PERDA onde uma doença a antecede. Pedidos a Deus e promessas para que a vida daquela pessoa seja poupada, ou promessas de comportamentos como parar de fumar caso o divórcio não aconteça.



Existem muitos exemplos, mas a finalidade é sempre a mesma: na ausência do controle da situação, lança-se mão da barganha com o “espiritual”.

A raiva e a tristeza são sentimentos que fazem parte do que sentimos no momento que perdemos algo ou alguém.



Não é saudável que dure muito tempo, pois corremos o risco do afastamento da realidade de que a dor é parte da vida e não há vacina contra PERDAS.



É muito comum sentirmos raiva de uma situação de perda de um filho em situação de violência ou acidente, assim como é normal ficarmos tristes com a perda de um emprego ou de um noivado.



Contudo o sentimento de raiva prolongado mina o emocional e o físico do individuo, assim como a tristeza desmedida pode tornar-se depressão.



Outra reação muito comum é a culpa. Não há por que se torturar, pois é muito natural. Imagine uma mãe que perde seu filho em um acidente, ainda mais quando ela mesma está envolvida? Ou em um divórcio em caso de traição? Apesar de ser muito comum, é uma fase que também não pode perdurar a ponto de adoecer o indivíduo.



Em qualquer uma das fases, quando o sofrimento perdura a ponto de estagnar a vida da pessoa e de prejudicar sua saúde, é de fundamental importância a procura de um profissional, pois em alguns momentos a dor é tão grande que é necessário o auxílio de alguém, pois não dá pra carregar sozinho.



A aceitação é a fase final do processo de perda. Quando aceitamos efetivamente a situação como ela é, com dor e tudo, quando reconhecemos que nada poderia ser feito e que tinha que acontecer e que nos resta “catar” os pedaços, aprender com tudo aquilo e recomeçar. Recomeçar dolorido, porém mais forte.



Não há regras estabelecidas ou limite de tempo, mas a força da vida estará atuando sempre ao tomarmos consciência de que a vida nos é dada com um determinado número de situações que não podemos controlar ou mudar. Neste momento podemos reinvestir em nós mesmos e em nosso futuro, somos capazes de aos poucos ir optando pela vida, revendo valores e tomando decisões que nos beneficiam.



Seja qual for a decisão, será sempre uma oportunidade surgida do que PERDEMOS e, embora a vida não possa mais voltar ao que foi um dia, ela tem a capacidade fabulosa de renovação e de descoberta de novos caminhos.



Certamente há sempre coisas a fazer enquanto habitamos esta sala de aula que se chama Terra.





*Biancha Mamede é psicóloga clínica, linha de atendimento cognitivo comportamental, especialista em hipnose (TVP).


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