Melhor dizendo, A SUA VIDA TODA... rsrsrs
Perda, sofrimento e superação
Existe
uma experiência que todo ser humano compartilha que é a PERDA de alguém ou de
algo muito próximo.
Esta
situação pode ser repentina ou súbita, mas o que também há de comum é que
jamais temos o poder de controlá-la. Isto faz com que soframos muito.
Lembranças
e sentimentos permeiam este momento e muitas vezes nos sentimos derrubados e
até mesmo incapazes de conseguir continuar respirando.
São
sensações físicas, emocionais e espirituais desagradáveis e que se alternam de
forma a não conseguirmos controlar.
Perguntamos
o motivo daquela PERDA e daquele sofrimento, mas no momento exato da PERDA não
conseguimos tirar nenhum ensinamento... apenas sofremos.
O
sofrimento, a dor é a finalidade! Há uma realidade indiscutível: o ser humano
aprende na dor e não no amor.
O
sofrimento expressa nossa insegurança básica e nosso medo do abandono, a
certeza de que vivemos num mundo no qual controlamos muito pouco ou quase nada.
Sentimos
o desamparo e a vulnerabilidade, somos obrigados a encarar todas as emoções sem
anestesia.
Na
verdade não queremos nos deparar com tudo isso, pois nosso instinto básico é
“evitar a dor”, digo, “evitar o desprazer”.
Vivemos
no mundo dos opostos, assim como existe o dia, existe a noite; existe em cima e
em baixo; existe o positivo e o negativo para nos sentirmos humanos.
Não
é possível usufruir as emoções positivas sem conhecermos as negativas, até para
que possamos ter termos comparativos.
Por
esse motivo é tão importante enfrentar e experimentar as emoções negativas, sem
negações ou repressões, para que não retardemos nosso crescimento emocional,
psicológico e espiritual.
Sentir
a nossa maneira, pois não existe a forma certa ou a errada de sofrer.
Infelizmente
vivemos numa sociedade hipócrita em que os verdadeiros sentimentos devem ser
escondidos e comedidos dentro da expectativa do outro.
Não
é saudável reprimir nossos sentimentos, quanto mais a dor da PERDA. Quando
morre alguém que amamos, perdemos o emprego ou uma amizade, perdemos um pouco
da esperança no futuro, sentimos frustração, raiva, tristeza e perplexidade.
Sofremos
pelo que não foi feito ou dito, ficamos nos perguntando o que mais poderíamos
ter feito ou o por que de morrer os bons e os maus não...
A
maioria de nós não está preparada para ter arrancado de si alguém ou algo
importante, portanto toda perda nos remete a determinadas fases.
Nossa
primeira reação a uma perda é o “choque”, a descrença total. Por não estarmos
preparados, quase sempre somos apanhados de surpresa.
O
mundo vira de cabeça para baixo e perdemos completamente o controle de tudo.
Não conseguimos entender o ocorrido e ficamos meio que anestesiados. O impacto
nos impede de reconhecer como fato real. Ficamos entorpecidos, as pessoas falam
conosco e nada compreendemos.
O
choque é um mecanismo de defesa quando o sofrimento é demais e não somos
capazes de lidar com as consequências da PERDA.
Quando
o choque começa a diminuir, passamos entender a realidade.
A
“negação” está diretamente ligada à etapa anterior e as duas ocorrem quase que
simultaneamente e são defesas.
Quando
negamos, evitamos o confronto com a realidade. O tempo que cada fase demora na
vida de alguém não dá para prever. É bom que não demore demais, pois o que
deveria ser uma defesa tornar-se-á um serio problema.
Muitos que permanecem na negação começam a
descobrir outras formas de atenuar ou fugir da dor, como o álcool e as drogas
de uma forma geral. No caso da perda de um cônjuge, em casos de divorcio,
existem pessoas que se atiram em relacionamentos doentios só para não ter que
lidar com sua dor e vazio.
É
muito comum a fase da “barganha”, principalmente em casos de PERDA onde uma
doença a antecede. Pedidos a Deus e promessas para que a vida daquela pessoa
seja poupada, ou promessas de comportamentos como parar de fumar caso o
divórcio não aconteça.
Existem
muitos exemplos, mas a finalidade é sempre a mesma: na ausência do controle da
situação, lança-se mão da barganha com o “espiritual”.
A
raiva e a tristeza são sentimentos que fazem parte do que sentimos no momento
que perdemos algo ou alguém.
Não
é saudável que dure muito tempo, pois corremos o risco do afastamento da
realidade de que a dor é parte da vida e não há vacina contra PERDAS.
É
muito comum sentirmos raiva de uma situação de perda de um filho em situação de
violência ou acidente, assim como é normal ficarmos tristes com a perda de um
emprego ou de um noivado.
Contudo
o sentimento de raiva prolongado mina o emocional e o físico do individuo,
assim como a tristeza desmedida pode tornar-se depressão.
Outra
reação muito comum é a culpa. Não há por que se torturar, pois é muito natural.
Imagine uma mãe que perde seu filho em um acidente, ainda mais quando ela mesma
está envolvida? Ou em um divórcio em caso de traição? Apesar de ser muito
comum, é uma fase que também não pode perdurar a ponto de adoecer o indivíduo.
Em
qualquer uma das fases, quando o sofrimento perdura a ponto de estagnar a vida
da pessoa e de prejudicar sua saúde, é de fundamental importância a procura de
um profissional, pois em alguns momentos a dor é tão grande que é necessário o
auxílio de alguém, pois não dá pra carregar sozinho.
A
aceitação é a fase final do processo de perda. Quando aceitamos efetivamente a
situação como ela é, com dor e tudo, quando reconhecemos que nada poderia ser
feito e que tinha que acontecer e que nos resta “catar” os pedaços, aprender
com tudo aquilo e recomeçar. Recomeçar dolorido, porém mais forte.
Não
há regras estabelecidas ou limite de tempo, mas a força da vida estará atuando
sempre ao tomarmos consciência de que a vida nos é dada com um determinado
número de situações que não podemos controlar ou mudar. Neste momento podemos
reinvestir em nós mesmos e em nosso futuro, somos capazes de aos poucos ir
optando pela vida, revendo valores e tomando decisões que nos beneficiam.
Seja
qual for a decisão, será sempre uma oportunidade surgida do que PERDEMOS e,
embora a vida não possa mais voltar ao que foi um dia, ela tem a capacidade
fabulosa de renovação e de descoberta de novos caminhos.
Certamente
há sempre coisas a fazer enquanto habitamos esta sala de aula que se chama
Terra.
*Biancha
Mamede é psicóloga clínica, linha de atendimento cognitivo comportamental,
especialista em hipnose (TVP).
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