"E
de pensar nele a barriga esfriava. E esquentava ao mesmo tempo. Sensação
esquisita, porque nesse momento mais parecia que todo o seu corpo passava a ser
puro abdômen. Ora, de onde tiraram a idéia de que os sentimentos acontecem no
coração? Para ela era na barriga que os melhores – e os piores - sentimentos
existiam.
E
de ser olhada por ele a sua existência tremia. Não sabia mais ser natural,
virava uma marionete que era controlada por alguém descontrolado. Tornava-se
mais desengonçada – era a sua alma se esparramando.
E
de assistir palavras pulando da boca daquele moço, ensurdecia-se. Não podia
saber do que é que ele falava. Então se transformava toda num riso trêmulo e
nervoso, que nada sabia, além do fato de que nada podia fazer.
E
de se sentir amada, fragmentava-se. Descansava da sua existência no colo dele.
Abandonava a sua respiração, desfrutando dos prazeres do olfato.
E
foi de repente, assim, num espaço de uns dez anos, que ela se deu conta que a
barriga era sua, a existência era sua, a visão das palavras era sua, o
sentimento era seu. Estava sozinha, e talvez sempre tivesse estado. Soube que o
amor mais genuíno é o amor por si mesmo. E soube ainda que saber disso era muito
doído. E por doer foi buscar outro alguém pra lhe distrair com sensações
esquisitas na barriga."
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Oi!
ResponderExcluirhttp://confrariadostrouxas.blogspot.com.br/2011/08/todo-amor-e-fast-mas-nem-todo-amor-e.html
apenas faltou a referência.